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segunda-feira, 3 de outubro de 2016

EGO: A origem dos problemas

Desde a infância, vamos construindo uma identidade inventada, que acaba se tornando a causa de alguns conflitos pessoais. Este falso self é chamado de ego. Uma espécie de segunda identidade que dificulta a tarefa de saber quem realmente somos e de onde vem os nossos problemas.



Todos os relacionamentos pessoais: família, amigos, casamento, trabalho… frequentemente são abalados por conflitos, grandes ou pequenos. Às vezes, quando um relacionamento vai bem, outro piora. As relações entre as pessoas se comparam à uma montanha russa, cheia de altos e baixos, com avanços e recuos. E parece que nunca se estabilizam definitivamente. Quando o mesmo tipo de conflito passa a se repetir, a vida fica mais difícil.
Diante de algumas situações, as pessoas costumam se justificar dizendo coisas como: “as relações são difíceis“, quando na verdade é quem faz essa afirmação que é difícil. Talvez a pessoa não precise de reparos, mas deve examinar e questionar se suas crenças e comportamentos estão sendo dominados pelo ego. Estas não são, sem dúvidas, as causas do sofrimento, mas apenas o gatilho que desencadeia uma dor antiga, um conflito não resolvido que já estava lá.
Podemos observar o grande número de conflitos judiciais dolorosos que levam muitos relacionamentos a se perderem em uma espiral de amor e ódio, que passam do tudo ao nada em função das expectativas criadas sobre a outra pessoa. Se alcançar essas expectativas será amada; se não, será odiada. São relações que não têm nada a ver com o amor, mas com uma necessidade, uma carência ou até mesmo um vício.
O vício em relacionamentos pessoais consiste em usar pessoas para preencher um vazio ou uma dor. Quando duas pessoas estão em um terreno movediço, estão predestinadas a viverem uma experiência ruim: uma crise de casal. No entanto, uma crise no relacionamento pode até ser benéfica se ajudar o casal a se entender melhor: é a oportunidade perfeita para corrigir as manifestações do ego a partir da prática no dia a dia.
Para definirmos, recorremos ao uso de algumas referências externas convencionais ou rótulos. A mente gosta de nomear tudo o que tenta entender. O ego é uma auto-imagem que se baseia em identificações, tais como o nome, a idade, o estado civil, o papel na família, a posição social, a nacionalidade, o passado, a profissão, o corpo, a educação, a religião, o sexo, os sucessos e fracassos … Na realidade, todos os egos são iguais, porque consistem em uma identificação, se diferem apenas na superfície, mas não na substância. As pessoas simplesmente contam uma história, e quanto mais se apegam à sua própria história, mais sofrem, porque não são capazes de viver de forma diferente.
A realidade é nada mais do que a capacidade de nos enganar com nossos sentidos.
Albert Einstein


O auto-engano tem muitos nomes. O ego também é conhecido como uma auto-imagem construída, ou falso eu. Na realidade, o nome não importa, o importante é perceber que o ego é uma criação mental, ou uma falsa identidade, mas não é real. É importante detectar quando ele está ativo. Isso ocorre quando estamos diante de situações que nos fazem querer ter razão em tudo a todo o custo, se queixar e se fazer de vítima, julgar e rotular pessoas, atacar ou defender comportamentos, reagir impulsivamente… Por outro lado, quando você desativa o ego, perde o interesse em discutir, competir, agredir, criticar, julgar, ficar na defensiva … Isso não quer dizer que seremos passivos, mas que escolheremos, antes de mais nada, a paz mental diante das situações, algo que só se consegue sendo muito ativo (fazendo escolhas sábias) e não reagindo automaticamente.
O perigoso jogo do ego consiste em criar uma identidade por identificações. Uma vez criada, as diferenças com outros egos são procuradas. Quanto maiores forem essas diferenças, mais problemas decorrem do conflito, uma cruzada estúpida para defender as supostas diferenças. Uma luta fútil, um conflito de egos que tem como única consequência possível o sofrimento psicológico. Além disso, o ego gosta de criar um molde para si mesmo e outro para quem cruza o seu caminho. Se a pessoa se ajustar, ele vai amá-la; caso contrário, ele vai odiá-la.
Mas o jogo favorito do ego é tentar mudar os outros, sem fazer nenhum esforço para mudar a si mesmo. Um provérbio chinês diz: “É mais fácil mudar o curso de um rio do que o caráter de uma pessoa“. É isso mesmo, uma vez ou outra se vive na ilusão de passar aos outros scripts que nós inventamos para eles, e julgamos como falsidade caso não se comportem da maneira que escrevemos.
Não é fácil renunciar à possessão imaginária da construção mental que é o ego. Como se livrar de uma identidade forjada ao longo da vida? Parece uma pequena morte, e realmente é, mas que vai renascer para uma nova vida livre de apegos e aversões e, portanto, mais feliz.
Há muitas técnicas e teorias sobre como acabar com o ego, talvez a menos conhecida seja matá-lo de tédio. E como se faz isso? Deixando de reagir com os outros egos, não se alterar à menor provocação ou agir mecanicamente. Se trata de escolher uma resposta elaborada, sem dar atenção à voz arrogante que está dentro de nós sempre procurando problemas.
O ego é como o seu cão. Este tem que seguir você, não o inverso. Você precisa fazer com que o cão te siga. Não o mate, dome-o.
Alejandro Jodorowsky
O último problema está em não reagir ao ego dos outros. Mas como fazer isso antes de um comportamento ofensivo? É simples de dizer, mas não é fácil de fazer. A chave é entender que seu comportamento disfuncional é ditado por seu ego. Não é da própria pessoa, mas das condições adquiridas no passado. E compreender que todos nós levamos um ego nas costas, e todos nós sucumbimos e temos nossos delírios de vez em quando… Considere isso como uma ajuda para entender (mas não para justificar) os comportamentos disfuncionais e, portanto, não reagir a eles.
O contexto em que os egos conflitam se encontram em todos os tipo de relações: familiar, social, profissional e conjugal… Alguns pensam que mudar de relação resolve o problema. Mas não é assim. Fugir das relações conflitantes não é a solução, pois a dor permanece latente no inconsciente. Sem dúvida, o problema reaparece, desta vez em outro lugar, em outro momento e com outra pessoa. Só resolvemos esses problemas se pararmos de julgar e criticar, se aceitarmos os outros como são, sem querer mudá-los, mesmo que para o bem.
Ninguém aprende o sentido da vida até que coloque o seu ego à disposição para servir os seus irmãos.
Ralph Waldo Emerson

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